Enfim, vim visitar minha casa, o que há muito não fazia.
Decidi vir até aqui, para colocar algo muito importante. Algum tempo atrás,
minha filha me escreveu um e-mail, que dizia assim:
Mãe:
Procurei o poema da Nydia Bonetti e está aqui:
["onde estaria se
não estivesse por aqui?
acontece que estou
e isso deixa tudo como
está"]
Beijos
Filha
Hoje, estou voltando a postar noColchadeRetalhos, para me expressar sobre esta singular criatura que é a minha filha Priscila, que amo infinitamente.
Em 12 de outubro ela nasceu para fazer a minha vida mais completa e feliz... Devolvo a você, filhota amada, o lindo poema que me enviou, e que tudo fique como está... Nós ainda estamos por aqui... Continue a me chamar: Mãe! E eu continue a chamá-la: Filha!
Filha, o tamanho do seu sorriso é harmônico, indiviso, amedida do meu querer, e que corra mais forte o rio do afeto e da alegria com uma construção contínua do amor, empatia, por pessoas e coisas que fazemos e temos.
A plenitude vem da partilha, e sua base é a família.
Pri&Luís formam já uma família. Em breve, poderá ouvir uma singular criatura lhe dizendo: Mãe “onde estaria se não estivesse aqui? Acontece que estou... e isso deixa tudo como está".
Baseando-me na crônica de Lya Luft - A canção de qualquer mãe -, mas usando minhas palavras, abaixo algo feito com carinho, e que fala do meu amor infinito por você, na procura de lhe passar que nossa vida, entre encontros e desencontros, continue a ter por baixo um rio de águas generosas, algo que só pode nascer entre nós.
Ao mostrar parte da sua infância, meu desejo é que se lembre dos momentos felizes e lindos como as suas gargalhadas, sempre de bom humor, ou de momentos deliciosos em família, em que brincava com seus primos(a) de rei, rainha, princesa no sótão da casa dos seus Tios... Ou das pipas que a sua Avó fazia, mas que nunca subiam e, mesmo assim, deixavam-na tão feliz. Da cabana embaixo da mesa de jantar - seu castelo particular - ou das nossas caminhadas pela praia. Ah! O mar, como nos encantava a uma plenitude imensa! E ao lembrar de sua adolescência, que se lembre de tantos amigos queridos, leais e bons que caminharam lado a lado com você em incríveis momentos efêmeros, que lhe proporcionaram felicidade. Que consiga 'sentir' os momentos de aconchego em casa, no seu quarto estudando, na sala ou na cozinha, com alguma ocupação prazerosa.
Quando precisar de mim, saiba sempre - 'haja o que houver... estou aqui'- É vero! *risos* Sempre mesmo! Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente muito amada, como desde o primeiro instante. Que quando eu me aproxime, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menina, você que já é uma mulher. E hoje, já crescida, tem alegrias e dores que a vida traz, assim como eu tive e tenho as minhas. Que, independentemente da hora ou do lugar, nos sintamos bem, pensando uma na outra.
Sou mãe, filha, com qualidades e defeitos, como qualquer outra mãe. E desejo que você possa perceber em mim, mesmo que uma pequena sensação de quando você foi colocada pela primeira vez em meus braços: misto de susto, plenitude e ternura que resumo no sentimento chamado amor. Seu cheiro, sua pele, seu rostinho... A sensação de que, a partir desse amor, uma nova pessoa começava a sua jornada de vida. Por isso meu amor é infinito dentro do infinito, filha, pois sempre terá você me dado muito mais do que esperei ou imaginei ter. Obrigada por existir na minha vida, filha, obrigada por me encantar e ser toda encanto... Seja feliz agora com seu Luís e vai, filha, sua vida....
Com amor e carinho,
Mãe
Sílvia Costardi
Poema: Nydia Bonetti e Luís Lima
Imagens:Web - Rachelle Anne
Fotos: Silvia Costardi
Músicas: Estrela - Gilberto Gil
Filho e Vida - Milton Nascimento
Serra do Luar - Walter Franco - Com Leila Pinheiro
Hoje me vi exposta a uma situação que, devido ao momento social e familiar em que vivemos, causou-me de estranheza. Após prestar-me serviço doméstico rotineiro, antes de sair, uma jovem apenas ofereceu-me um bombom, indagando:
"- A Senhora aceita?”.
Foi este o gesto tão simples e espontâneo que, paradoxalmente, desencadeou em mim uma profunda reflexão:
Quanta Gentileza!(parecendo uma extraterrestre, quase não aceitei... havia me esquecido de quão bom é ser 'lembrada'). A jovem saiu e, boquiaberta, fiquei eu a pensar sobre um comportamento tão simples, singelo e delicado, e que não mais existe nestes tempos vividos, a ponto de parecer um gesto deslocado no cotidiano da vida. E quando nos acontece, deixa-nos assim, sem reação, e isto talvez seja a prova de que ficamos desacostumados a dar e - mais estranho ainda - a receber gentileza. É uma atividade em extinção. Poucos ainda se lembram de que ela existe, imaginem então 'usá-la'? Situação desconcertante, mas pior ainda minha sensação de impotência diante de tal constatação. Percebi como os valores humanos estão mudando... E para pior. Desejaria poder estar declarando o contrário, mas estaria 'disfarçando' ou 'tapando o Sol... Faz muito tempo que não abroMinhaColchadeRetalhos, e justamente meu retorno é inspirado em um tema polêmico, e até desagradável - infelizmente. Nestes últimos meses minha percepção está voltada para o comportamento humano no que diz respeito à falta de tato, contato, delicadeza, interação...
Poderia usar vários sinônimos, mas um que cai bem nesse momento é: Gentileza! A falta dela, agravada pela ausência de afetividade em nossas vidas, faz sonhar em como é gostoso saber- se notado, lembrado por alguém. Percebo que ninguém deseja ocupar seu tempo em ser 'gentil'.Parece que a vida está veloz, mais curta, e certos comportamentos devem ser retirados da rotina das pessoas - substituídos pelo que 'acham' ser essencial. E com isto, as qualidades que eliminam são os bons modos, o que inclui a gentileza - que nesse momento tomo como exemplo. Espanto-me percebendo como certas pessoas eliminam das suas vidas a conscientização do partilhar, escutar, participar com outros a gentileza. Estas pessoas parecem uma 'Ilha rodeadas delas mesmas por todos os lados'. Só conseguem 'se' perceber e não há espaços para 'perceberem' o outro. Mesmo que vivam dentro da mesma Casa, é impressionante como pode- se ficar literalmente invisível. Difícil colocar em palavras esse sentimento de impotência diante da frieza do outro e se dar conta de como se é invisível.Não estou falando do respeito pelo que o outro pensa, pois somos universos diferentes e isso é bom, saudável e dá colorido à vida. Estou falando de coisas simples, como prestar atenção com interesse genuíno aos que estejam ao seu redor, notar seus sentimentos e apreciá-los com palavras encorajadoras motivando o respeito mútuo. Simplesmente ter boas maneiras como: -Agradecer os serviços prestados é uma bela maneira de mostrar respeito por um professor, um médico, um lojista ou qualquer outra pessoa. Como é bom mostrar cortesia por dizer, ”por favor” “muito obrigado” e “ com licença” ao passar pelos outros. Diz um provérbio alemão:“Quem o chapéu tirar, bem recebido será em todo lugar.” O significado desse provérbio é que as pessoas tendem a ser mais gentis e solícitas com aqueles que têm boas maneiras. Exemplo:Família imediata, aquela que mora na mesma Casa, mas pouco se sabe um do outro, sobre seu filme preferido, sua cor predileta, a comida de que mais gosta se está resfriada ou com dor de cabeça, e por aí afora... Parece que é mais fácil entrar numsite comunitário para saber de algum membro da família (imediata), do que contatar face a face familiares. Este comportamento 'euista' me assusta à medida que percebo que é uma quase epidemia, é global - e não apenas aqui ou acolá. Com o tempo, inclusive, sem que haja 'ação' na direção oposta, vai se perdendo esse valor na educação. Pornão colocar em prática vai se esquecendo dele e, de repente, não há mais sinal de gentileza e nem há a percepção da existência do outro familiar que vive no mesmo contexto. Onde estão valores simples que alegram nossa vida, como: "- Obrigada Vovó por ter feito aquela sobremesa preferida...”. "- Mãe, Pai, como é bom chegar a Casa e vê- los me esperando, então hoje trouxe uma rosa do jardim da nossa Casa para vocês...”. “- Minha irmã, meu irmão, trouxe bombons, balas de tutti-fruti, para adoçarmos juntos a vida”... "-Eu estava na Rua e lembrei o quanto você aprecia 'raleu': alguém vendia e trouxe um pedacinho para que saboreie...”. "- Coisa boa é saber o quanto minha Tia se interessa por meus estudos e faz perguntas sobre o que aprendi durante a semana...." "- Ah! percebo que a despensa está ficando vazia... estou indo buscar o que nos falta, sem esperar que me peçam, que acabem de vez ...”. "- Desculpe entrar no seu quarto, mas não nos tínhamos visto. Vim trazer um copo de leite com café e saber como você está...." Para Avó, Avô, Mãe, Pai, Tio, Tia, Primos, Genros, Noras, Amigos: “- Sei que já faz tempo que não nos vemos”. Estou lhe enviando um cartão para que saiba que é bom tê-la (o) na minha vida e para que saiba que faz parte da “minha história...”.
Ao abordar este assunto muitos podem me dizer que esse comportamento é 'cobrança', porque
cada um tem que agir espontaneamente, blá, blá... Mas onde está o desconfiômetro daqueles que se justificam assim? Esquecidos no arquivo morto com certeza. Penso que muitos usam justificativas demais para que suas desculpas sejam aceitas até por elas mesmas! Nem se dão conta de que estão ajudando nosso Mundo a ficar mais 'anestesiado, cauterizado' pela falta da gentileza.
Esta atitude, quando em prática, só faz bem: espalha carinho, brandura, mansidão, interesse pelo outro, mostra educação, e amplia nosso conteúdo e nossa bagagem, para enfrentarmos a vida com mais alegria. Tratar as pessoas de modo gentil e respeitoso é, em certo sentido, uma forma de elogiá-las. É como se estivéssemos dizendo à pessoa:‘Você merece minha atenção e merece ser bem tratada.’
Assim, mostramos amor e interesse pessoal. Ser educado e gentil significa mais do que apenas seguir formalmente as regras de boa educação. Para tocar as pessoas, nossa gentileza e educação precisam ser sinceras - sair do coração para abrir o outro coração. Devem ser a expressão de verdadeiro interesse e de amor. E foi esta exatamente sensação gostosa, que me percorreu hoje, ao ser presenteada com um... Bombom. Alguém me deu atenção, me tratou bem, mostrou interesse sem hora marcada, de repente e do nada. Estas surpresas agradáveis estão em falta no contexto da vida diária de muitos. Gestos simples, mas muito significativos alegram a vida de todos.
Quando criança, com meus pais e irmãos, lembro-me de minha irmã primogênita me chamando, dizendo que era minha vez de lavar a louça do jantar. Eu estava brincando na rua com meus coleguinhas e foi difícil e dolorido, ter de deixar a brincadeira gostosa para entrar em casa e saber o que me esperava: uma pia cheia de louça a ser lavada! Mas quando entrei na cozinha, minha irmã já havia lavado toda a louça e estava sorrindo toda feliz só para ver meu rosto de espanto e alegria. E, após me perceber, ela disse: "- Corra volte a brincar com seus coleguinhas...”.
Quanta gentileza da parte dela!
Minha Mãe muitas vezes escrevia um recadinho e deixava na geladeira para nós os filhos lermos e respondermos a sua solicitação. Muitas palavras eram escritas de maneira errada(sao invés dess, ouçao invés dec), pois sua escolaridade foi mínima. Já meu Pai, que escrevia muito bem, nos fazia responder escrevendo a palavra errada para ela não se sentir 'menos' inteligente diante dos filhos que estudavam. Em outra ocasião percebia que minha Mãe escrevia a mesma palavra corretamente. Tudo certo!
Quanta delicadeza, respeito e gentileza da parte do meu sábio Pai!
Como sou grata por essa e outras lembranças tão lindas da minha história familiar. Meus pais davam o exemplo; por isso, eu e meus irmãos aprendemos ser de fato gentis e não apenas superficialmente respeitosos. Reciprocidade é uma aprendizado contínuo e com a necessidade de atitude gentil no convício com outros.
Bem, é isto. Hoje, após um bom tempo, volto com mais um retalho nesta Colcha na espera que me tenha sabido fazer entender. Fica aqui um sentimento para quem o desejar resgatar, apreciar, exercitar:
a Gentilezanos tratos com familiares, amigos, colegas, com o leque de universos que se apresentam no decorrer da vida.
Pudesse eu, esmagar-te suavemente contra o meu peito forte.
Prender-te com laços de seda fina...
Levar-te para alcançar todas suas realizações...
Fazer-te voar, entre nuvens de sonho e adivinhar o teu sorriso em toda a ternura que te ofereço.
Pudesse eu...
Ai me pudesse, mergulhar nos teus olhos de mar e navegar tranquilo, quando não estás comigo...
Pudesse eu, esmagar-te contra o meu peito, onde guardo todas as minhas emoções e angústias...
Pudesses tu sentir o meu coração frágil e apertado, explodindo cristais de amor e saberias o quanto TE AMO!
Enquanto isso te tem nos meus pensamentos e na tua fotografia para compensar todas as distâncias.
Aguardo cada regresso e finjo embalar-te em abraços delicadamente apertados sonhando-te menina feliz.
Porque uma fotografia pode levar-nos a emoções fortes, muito fortes...
Acordei com o teu sorriso nos meus olhos, meu amor, ainda não fui... Porque me falta a tua mão.
Um beijo meu... E volta a dizer-me que não és mais menina para te esqueceres. Que sossegue, dizendo -"Mãe em breve nos veremos."
E, me aguento, hoje, sem ti dentro do meu abraço, tentando ser uma mulher forte pela vida inteira! Então não demores...
Querida princesa sempre linda Pri, minha Flor Tulipa:)
Amo-te. Tudo. Tanto. Infinitos íssimos. Para sempre. Amo-te muito... Até ao infinito e um pouco mais além.
Mãe.
Uma estória que vivenciamos juntas: FLOQUINHOS DE CARINHO
Havia uma aldeia onde o dinheiro não entrava. Tudo o que as pessoas compravam tudo o que era cultivado e produzido por cada um, era trocado. A coisa mais importante, a coisa mais valiosa, era a AMIZADE. Quem nada produzia quem não possuía coisas que pudessem ser trocadas por alimentos ou utensílios, dava seu CARINHO. O CARINHO era simbolizado por um floquinho de algodão. Muitas vezes, era normal que as pessoas oferecessem floquinhos de algodão sem querer nada em troca, pois sabiam que nunca ficariam sem floquinhos. Um dia, uma mulher muito má, que vivia fora da aldeia, convenceu um pequeno garoto a não mais dar seus floquinhos. Desta forma, ele seria a pessoa mais rica da cidade e teria o que quisesse. Iludido pelas palavras da malvada, o menino, que era uma das pessoas mais populares e queridas da aldeia, passou a juntar CARINHOS e em pouquíssimo tempo sua casa estava repleta de floquinhos, ficando até difícil de circular dentro dela. Daí então, quando a cidade já estava praticamente sem floquinhos, as pessoas começaram há guardar o pouco CARINHO que tinham e toda a HARMONIA da cidade desapareceu. Surgiu a GANÂNCIA, a DESCONFIANÇA, o primeiro ROUBO, o ÓDIO, a DISCÓRDIA, as pessoas se FALARAM MAL pela primeira vez e passaram a IGNORAR umas as outras na rua. Como era o mais querido da cidade, o garoto foi o primeiro a sentir-se TRISTE e SOZINHO, então procurou a velha para perguntar-lhe se aquilo fazia parte da riqueza que ele acumularia. Não a encontrando mais, ele tomou uma decisão: pegou uma grande carriola, colocou todos os seus floquinhos em cima e caminhou por toda a cidade distribuindo aleatoriamente seu CARINHO. A todos que dava CARINHO, apenas dizia: Obrigado por receber meu carinho. Assim, sem medo de acabar com seus floquinhos, ele distribuiu até o último CARINHO sem receber um só de volta. Sem que tivesse tempo de sentir-se sozinho e triste novamente, alguém caminhou até ele e lhe deuCARINHO.Outro fez o mesmo... Mais outro... E outro... Até que definitivamente a aldeia voltou ao normal. Querida Filha: Aceite meu floquinho como prova do meu carinho, pois é assim que pretendo conduzir o aprendizado recebido e que te passei:“Existem alguns riscos que são dignos de se correr, porém o medo de riscos é indesculpável... Você tem que defender aquilo em que você acredita”. Meus floquinhos que sempre dividi com você e espalhamos pela nossa Casa:"Se eu falar em línguas de homens e de anjos, mas não tiver amor, tenho-me tornado um [pedaço de] latão que ressoa ou um címbalo que retine. E se eu tiver o dom de profetizar e estiver familiarizado com todos os segredos sagrados e com todo o conhecimento, e se eu tiver toda a fé, de modo a transplantar montanhas, mas não tiver amor, nada sou. E se eu der todos os meus bens para alimentar os outros, e se eu entregar o meu corpo, para jactar-me, mas não tiver amor, de nada me aproveita. O amor é longânime e benigno. O amor não é ciumento, não se gaba não se enfuna não se comporta indecentemente, não procura os seus próprios interesses, não fica encolerizado. Não leva em conta o dano. Não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas, espera todas as coisas, persevera em todas as coisas. O amor nunca falha. Mas, quando chegar o que é completo, será eliminado o que é parcial. Quando eu era pequenino, costumava falar como pequenino, pensar como pequenino, raciocinar como pequenino; mas agora que me tornei homem, eliminei as [características] de pequenino. Pois, atualmente vemos em contorno indefinido por meio dum espelho de metal, mas então será face a face. Atualmente eu sei em parte, mas então saberei exatamente, assim como também sou conhecido exatamente. Agora, porém, permanece a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor. 1 Coríntios 13.
São aqui nestas gavetas que você encontra todos os meus segredos... Na Minha Colcha de Retalhos,está um pouco de um tudo de uma história por mim vivída! Estou a tricotar, costurar, bordar, tecer, fiar, alinhavar!Quantas formas de juntar os retalhos de uma vida! São aqui nestas gavetas que você encontra todos os meus segredos... RETALHOS DE UMA VIDA!
Nelas não coloquei nenhuma ferida viva,
estas ficaram lá na beira do caminho...
Quando o vento passa em forma de ciclone
ele destrói todas as mágoas e tristezas.
Lá ficou a caixa de fósforoscom muita submissão,
palavras que não podiam desabrochar,
aquarela sem cores, livros sem páginas de liberdade
com asas atrofiadas.
Nas fechadas sim estão fragmentos do meu passado,
minha memória fotográfica tudo guardou...
Inocente menina participante do Clube da Luluzinha,
Os presentes em forma de sonhos de avós tão presentes,
Domingos cheios de calor humano, com macarronada, porpetas,
E na varanda todos a cantar.
Avô a contar estórias sem nunca terminá-las,
deixando curiosidade acesa até outro dia continuar...
Brinquedos de madeira,
Mãe nos presenteando com
banhos de chuva... Alma leve,
Em cada balão um sonho,
em cada pipa a alegria colorida da vida.
Até mesmo hoje penso que aquela coca-cola gostosa,
caseira, mistura de café, açúcar e água espumando,
não eram tão ruins, pois possuíam gosto de família.
Pai proporcionando conteúdo,
viagens através da leitura da Barsa.
Amores platônicos,
toppo giuggio confidente,
nas movimentadas ruas paulistas,
Momentos sempre únicos como ver o mar pela primeira vez
na praia da Biquinha em São Vicente-SP, paraíso do sonho. .
Mal sabia quando lá pisei que aquele imenso oceano
um dia tantos desafios me traria... O meu além mar me fez suspirar, viver e naufragar.
No momento as abertas é que tem
feito Eu... Mulher... Ressuscitar...
Como aquela Bíblia que ainda possui o cheirinho
de amor da minha mãe procuro dons divinos
para iluminar meus próximos passos...
Sai da platéia, a cortina desceu... O teatro fechou.
Tento construir um novo espaço de amor...
Onde quero partilhar aquele ensinamento
que meus pais e avós me ensinaram...
O respeito à vida.
Somente uma mulher quando for Mãe
conseguirá entender o verdadeiro sentido
desta tão pequena palavra... Mãe...
Dom Divino..
Que vive para partilhar amor incondicional até o infinito...
Esta essência nunca desejo perder... Amor de Mãe...
Amo também agora meu amor próprio.
Observe que deixo uma gaveta sempre mais aberta
para uma nova vida... E venha me chamar de avó
num novo contexto de amor.
Entre achados e perdidos
a vida continua... Aquele embrulho devolvido
possui fibra... Essência...
que atravessará todo Universo
com a esperança de novos sonhos viver
porquê:
Nesse Texto percebo a minha essência, onde se unem duas metades e que me tornam inteira AMOR!
Acabei de tecer mais um bordado que estou postando na minha Colcha deRetalhos.
Tenho ‘me’ percebido assistindo muitas pessoas a minha volta trancando suas portas e usando até chaves para fechá-las mais ainda. De repente percebo o quanto eu odeio portas fechadas e comecei a me perguntar o porquê. Vivi anos e anos da vida trancando portas, janelas, mente alma coração, enfim, minha Casa inteira. Deixei de falar palavras, pois só sabia ouvi-las e cumpri-las.
Anos de Terapia e as amarras foram soltas aos poucos, mas no tempo devido. Hoje consigo não só usar as palavras que eu digo como também ouvi-las e desejar que as ouçam. É só olharem ali do ladinho e há um Poema onde parte dele diz “o amor bateu à porta e eu de dentro respondi: Minha Casa está aberta, pode entrar, estou aqui... Entre que a Casa é sua, eu só quero é ser feliz...”
Mas só aí há o entendimento de que pessoas que eu achava livres, leves e soltas, sábias no uso das palavras - que ledo engano meu, estão travadas, congeladas, estagnadas, paralisadas e com trancas nas suas portas, sua casa inteira.
E, mesmo que eu tente conversar, dialogar, não há como. Elas se fecham de tal maneira que você ainda é tida como invasora da privacidade alheia.
Interessante esse comportamento, pois quando uma pessoa está trancando portas ela consegue achar justificativas para tudo, e acreditar nelas a ponto de falar a outros com convicção absoluta, mas deixam de perceber o quanto estão em desafeto consigo mesmas, mal resolvidas, e críticas para com tudo que está ao seu redor. Por exemplo, uma pessoa consegue criticar seu crescimento, por ciúmes. Não falo do ciúme maldoso. Mas era mais fácil trabalhar e interagir com você quando era quieta, calada, só ouvidos. Agora que houve um crescimento, e te perceberam reinventando-se, ousando o novo, ficam assustadas e não sei porquê começam a ‘se’ perceberem e não gostam do que descobrem em si mesmas. E trancam as portas.
É triste vê-las assim, criticando e justificando seus comentários equivocados como ‘não vou mais àquele médico porque a secretária dele está invocando comigo’, ou ‘desde que fulana entrou no universo etc. e tal, está inviável entrar nesse mundinho irreal dela’ e por aí haja criatividade em criticar, ironizar, o crescimento da outra pessoa. Os elogios e a empatia estão lá trancados a quatro chaves no baú empoeirado do quarto, que está com as portas e janelas fechadas.
Fazem absurdas comparações que me assustam. Será que vale a pena ficar numa mesmice de uma situação mal resolvida, lá anos atrás, ou continuar a caminhar e usufruir o que a vida continua proporcionando? Como fazer comparações entre sua condição e a da pessoa que está ao seu lado, também com seus sofrimentos, suas feridas, mas que não para e continua a tecer suas teias - trabalho difícil, mas usa as mãos empurrando portas e mais portas com força imensurável até abri-las?! Qual é a situação mais difícil? Daqueles que foram injustiçados por conta da corrupção ou daqueles que se depararam como um “pacote” embrulhado para presente e devolvido, sem direito de nem mesmo retornar para buscar seus pertences?! Ambos? Sem dúvida. Mas o comportamento do rumo que cada um dará daí em diante é o ponto em questão. Ficar anos e anos numa luta inacabável e só viver aquilo, ou perceber sua impotência diante da situação e procurar novos rumos, caminhos, estradas, etc. e tal? Eu escolho caminhar, mesmo que meus pés doam e me machuquem. Eu escolho:“Largar desse cais, ir para outra direção... Seguir os ventos que clamam por mim... Tecer minhas teias com minhas mãos... Trilhar as estradas que não trilhei. Romper as portas trancadas por mim. E assim minhas mãos saberão de meus pés...” (Saens Saint, Altay Veloso)
Mas me sinto impotente para com aqueles que não ‘se’ percebem numa vivência de repetir o dia anterior e o anterior ao ponto de não aceitar aquele que deseja seguir em frente e alcançar novas realizações, buscando diferentes direções.
Percebo que, mesmo quando uma carreira profissional acaba e pessoas se aposentam as que continuam a vida usando criatividade e habilidades para novas tarefas sentem-se mais realizadas. Pode até ser num pequeno departamento de um Jornal local numa pequena cidade, como redator ou editor de uma coluna. Essas, que não acabam suas atividades após a carreira profissional, sentem-se gratificadas com atividades que lhes proporcionam prazer e retorno emocional. Como por exemplo, ajudar como voluntário em uma Escola e usar o que sabe fazer bem em prol dessa escola, sejam tarefas simples como elaborar um lindo diploma para a formatura da turma. O importante é dar continuidade ao potencial que existe e não foi embora só por conta da aposentadoria.
Mas algumas, infelizmente, não o fazem e tornam-se infelizes para sempre, mesmo que esteja nelas ainda todo aquele conteúdo precioso, todo potencial de criatividade desejando explodir para ser usado. Por conta dos presentes da vida e imprevistos que surgem escondem todo um aprendizado adquirido e se entregam. Estagnam e não criam mais nada para si e para os em volta. E isso não as deixa felizes nem realizadas, mas frustradas. E o potencial que ficou guardado adormeceu e desvalorizou porque elas se desmerecem e desvalorizam.
Mas não há como, em algum momento essas pessoas que já fizeram um pouco de um tudo para não terem de ‘se’ enfrentar, acabam de frente com um grande murode concreto e não podem mais nada além de entenderem que estão de mal consigo mesmas, brigando com a vida que estão levando, ou a maneira como a conduziram e só podem encarar a si mesmas e enfrentar seus rancores. Não há como voltar as costas para o muro. Não há como sair de ladinho e disfarçar. Trancaram as portas! Encontram- se sozinhas agora e completamente trancadas com um muro à frente, que terão de escalar passo-a-passo e enfrentar a si mesmas, seus medos, seus erros, suas impotências, seus valores. Dói muito escalá-lo. Machuca e deixam mãos, pernas, pés, em carne viva, mas que também cicatrizam, mesmo deixando as marcas.
Quando nos abrimos para outros, acabamos por nos abrir e revelar para nós mesmos. Ao tirar a máscara, vemos nossa própria face, e temos a chance de corrigir alguma coisa, onde for possível.
Por isso, acho bom meditar longamente, em voz audível. Porque quem ama nunca vai usar contra você uma informação franca.
Àqueles que não, sim. Guardam o que você diz como munição. É por isso que as pessoas se fecham. Medo. Somos movidos por amor, mas também por medo. E o temor exerce uma restrição. Aqui falo de conversar com franqueza e verdade.
Precisamos disso para nos conhecer melhor. E a barreira do constrangimento é removida pelo diálogo. É como disséssemos; “Sim, eu sou egoísta, arrogante, acomodada, teimosa... mas sei que posso contar com sua compreensão porque tem interesse genuíno e me aceita com todos meus defeitos, e ainda assim insiste em me abordar e mostrar que como mortais e mutantes podemos seguir novas trilhas. Então não vou esconder nada. Socorro! Dá-me mais fé. Corrige-me, mas na medida do que eu posso agüentar!”
E, portas começam abrir. Muito lentamente, debaixo de medo, de pânico, mas aos poucos se abrem janelas, portas. E o bom ao se redescobrirem é que elas podem ver o quanto foram saudáveis, valentes, corajosas, amigáveis, queridas, prestativas, e resgatar esses valores que são delas, pois os possuem; só em algum momento da vida, se afastaram delas e ficaram esquecidas. Estou torcendo para que isso ocorra com algumas pessoas que amo e prezo por demais. Que logo elas possam estar com todas suas portas abertas para que o Sol entre e aqueça novamente valiosos valores esquecidos, como elogiar quem ousa algo novo e se dá bem, alegrar-se com novas descobertas, novas conquistas e perceberem como é bom caminhar, seguir em frente, experimentar, visitar, ser visitada, ouvir, falar, sugerir, interagir, entrelaçar conhecimentos e anunciar que todas suas portas estão agora sem trancas, chaves, mas abertas e disponível para quem desejar entrar, pois será muito bem vindo.
Para finalizar me lembro dos contextos: O sábio provérbio bíblico que diz“Quem se isola procurará o seu próprio desejo egoísta, estourará contra toda sabedoria prática.” Provérbios 18:1. Também, o ouro e a prata, o cobre, o ferro, o estanho e o chumbo precisam ser processados com fogo, para um refinamento e assim se tornarem preciosos. Nós também temos que usar todo o conhecimento e sabedoria que adquirimos e mesmo tendo que passar pelo fogo, quando necessário, sim, sairemos mais refinados, mais belos, mais sábios, mais felizes... Conquistamos, com direitos adquiridos, nossos espaços, valores, realizações, conquistas, auto estima... "O que levamos conosco, o que fazemos de nossas dores e machucados, as conclusões que tiramos daquilo que nos acontece, tudo isso forma a nossa bagagem: tudo isso nos faz leves ou pesados. Acontece que quando adultos, eu te pergunto: Quem faz a sua mala? SIM, É VOCÊ!" Helena Paix
Enfim fica um poema cantado por uma linda pessoa que lutou com toda garra sem nunca desistir de seus objetivos, mas com passos largos e firmes delicadamente nos ensinou através de suas palavras escritas, cantadas. Obrigada, querida Mestra! Aprendi e aprendo sempre muito com você! E, obrigada por sempre manter todas as suas portas e janelas abertas!
Imagens: Heloisa Azinari Texto: Sílvia Costardi
Com o Amor batendo em sua porta,
Sílvia
Um tempo para olhar estrelas ou as gaivotas na praia
E sempre é tempo, para dar um tempo
Basta querer! E eu quero esperar a primavera toda prosa
Toda florida por dentro mesmo vestida de preto e branco...
Mário Feijó
Eu sou memória, a alma das coisas já acontecidas, vivo na mansão do ontem, num quarto que quando a luz da manhã bate ficam iluminadas as lembranças, as fotos do passado e os filmes da minha vida...